jeudi 24 septembre 2015

Sem você, sou um barco sem cais


Eu sei que você está cansado. Mas só faltam alguns segundos de sol dessa terça-feira para anoitecer. E eu voltei alguns meses essa tarde. Fui parar naquela outra, de Janeiro, 17. Somente os discos tocaram e a cor, o cheiro, a temperatura, tudo veio à tona. Não é nostalgia desnecessária, mas fez-se dor e amor ao mesmo tempo. Tempo esse que não vou desperdiçar a explicar-lhe essas palavras confusas. Já gastei demais a buscar teus olhos. E não encontrei. Por isso fugi para o que passou. Para a paz, para a serenidade em forma de euforia que, pensava eu, ser infinita... Acontece que acabei por varrer o confete da nossa folia de outrora. Mas saudade não se guarda em pote, transborda, sempre. Por isso meus olhos devem estar tão molhados ultimamente, quase que numa maré alta infinda. Esse é o pior tipo de calmaria: quando a angústia é silenciada pelo medo. E o medo calado também. Falando em mar, não vou perguntar como vão tuas ondas. Resolvi ir para uma ilha deserta onde eu só fale de mim. E repito, não há solidão pior. Mas tenho escolha? Claro que sim, mas nenhuma que me agrade. Não serei a responsável por naufragar o barco que dediquei tanto tempo e amor a construir. Mas não sou um navio amarrado, meu bem. Apenas fiquei muito tempo por vontade própria ao lado do porto. Mas agora suas paredes são altas e as ondas batem e voltam, e voltando me levam pra longe. E aí, sem corda, sem força e sem cais, vou sendo levada para onde poderás sempre me ver, mas nunca mais me tocar. Nunca é forte, como a indiferença de tua superfície. Mas para não exagerar na gravidade, deixo que tenhas pelo menos a luz do que fomos. Serei teu farol, a milhas e milhas de distância. Pois mesmo que eu não saiba onde estou, você nunca me perderá de vista. Ainda que nunca seja forte demais.



0 commentaires:

Mensajes de amor © 2015 - 2016 : All Rights Reserved