Louco é a ausência ser tão presente. Enlouquecedor é ter que aprender a lidar com isso. É sobre sentir demais, e parte desse sentimento me ferir. Sobre estar ferida, porém, ainda assim, amar incansavelmente. A dor se traduz em não poder ter um abraço quando quero, mas, mesmo solta, sentir o coração esmagadinho. Porque quanto mais longe do teu peito, mais perto do aperto. Quanto mais distante do teu coração, mais aparente é a minha solidão.
De você, ficou a falta. De nós, muito mais que isso. Você me deixou as palavras não ditas, mas o que sobra da gente são palavras aos montes. Da sua parte, fica o riso frouxo. Da nossa, gargalhadas apaixonadas. De você, ficam os nós. Já de nós, foi feito um laço. Deixou-me o raso do amor, mas tínhamos combinado de mantê-lo o mais fundo possível. Você quis me ensinar a conjugar o verbo ‘‘relevar’’, e juntos aprendemos o significado de ‘‘revelar’’.
Esquecemo-nos do que, outrora, julgamos inesquecível. Abandonamos certezas antigas. Perdidos, atropelamos o sentimento sem, ao menos, observar as placas de localização que se distribuiam pelo caminho. A gente se perdeu do mundo e, depois, de nós mesmos. Você me dizia que a vida é feita de encontros, separações e reencontros. Um dia, talvez, a gente se reencontre por aí. Ou, quem sabe, a gente já não se encontre mais.
Letícia Bittencourt
Letícia Bittencourt
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