dimanche 2 août 2015

O perfeccionismo de Stanley Kubrick.


Considerado por muitos um dos maiores diretores da história do cinema, se não o maior, Stanley Kubrick pode ser descrito com uma palavra: Perfeição. Talvez com mais algumas, como genial, visionário, centralizador, mas com certeza a que mais define o trabalho do diretor é perfeição.

Com apenas 13 filmes em seu currículo – me sinto culpado em dizer “apenas” sendo que a maioria são obras primas, clássicos do cinema – ele trabalhou de 1951 a 1999, ano de sua morte. Como uns gostam de dizer, ele trabalhou até morrer.

Stanley começou sua carreira como fotógrafo na conceituada Revista Look. Ele era um excelente fotógrafo, porém sentia que aquele não era seu caminho. Sua câmera, sua visão, seu estilo de arte, eram outros.

Aos 25 anos, com a ajuda do pai – que para conseguir dinheiro, penhorou a casa da família – conseguiu produzir o seu primeiro longa-metragem, Medo e Desejo (Fear and Desire). O filme obteve algumas boas críticas, porém o próprio Kubrick o considerou amador e tirou o longa de circulação.

Foi convidado por Kirk Douglas para dirigir Spartacus, porém os dois entraram em confrontos de criatividade e Kubrick não teve a liberdade que almejava para trabalhar nesse filme, então ele decidiu que dali por diante só aceitaria projetos que lhe dessem total liberdade criativa. A melhor decisão que já tomou, tanto para ele quanto para os fãs de cinema.

Mudou –se para a Inglaterra em 1962, no mesmo ano já começa as filmagens de Lolita, primeiro filme que Kubrick teve a tão almejada liberdade criativa. O filme teve uma grande aceitação da crítica. Logo após veio Dr. Fantástico (Dr. Strangelove), que se tornou um clássico absoluto. O filme é uma comédia de humor negro sobre a era nuclear. Com roteiro e atuações impecáveis, o filme rendeu a Kubrick a sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor.

Se Lolita e Dr. Fantástico foram julgados pela crítica como filmes excelentes, clássicos e até o ápice do diretor, eles, nós, mal sabíamos o que estava por vir. O melhor de Kubrick, a genialidade do diretor começa a ficar cada vez mais evidente a partir de 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey).


O filme se tornou um dos maiores da história do cinema, um clássico absoluto. Cinco anos de produção foram necessários para produzi-lo. Enigmático, profundo, com efeitos visuais, trilha sonora e produção impecáveis, enfim, ele é um marco na história do cinema. 2001 rendeu a Kubrick o seu primeiro e único Oscar, o de Melhores Efeitos Visuais. Sim, ele nunca ganhou um Oscar de Melhor Diretor, foi indicado 4 vezes.

Até então, o filme Lolita havia sido sua obra mais polêmica – Adaptação do clássico da literatura, de Vladimir Nabokov, que conta a história de um relacionamento entre um homem de meia-idade e uma adolescente. O público mal esperava pelo que viria a seguir. Em 1971 Kubrick faz uma adaptação do livro de Anthony Burgess, Laranja Mecânica.

O filme é mais uma obra-prima do diretor. O tema de violência humana, sociedade violenta, a manipulação, o julgamento, a ação drástica, o desespero social, a mecanização do homem, a lavagem cerebral. Laranja Mecânica é de explodir a cabeça, além da trilha sonora incrível, fotografia, figurino, cenário, enfim. O filme foi censurado em vários países e lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar de Melhor diretor.

O próximo é Barry Lyndon, um filme de época lançado em 1975. Considerado pelo diretor Martin Scorsese como o melhor trabalho de Kubrick. Esse é o filme que deixa o perfeccionismo do diretor perfeitamente visível. Cada cena do longa parece um quadro, a fotografia ficou impecável. O diretor usou lentes criadas pela NASA para filmar algumas cenas interiores. Detalhe, toda a iluminação das cenas internas do filme foram feitas com luz de velas, para que ficasse o mais real possível. O filme não teve uma boa recepção nos EUA, porém teve um relativo sucesso na Europa. O próximo trabalho de Kubrick seria um sucesso mundial. Ele exploraria uma nova área, o terror.

Baseado no livro de Stephen King, O Iluminado traz uma ótima história, fotografia e trilha sonora excelentes, atuação incrível de Jack Nicholson – que teve que repetir uma das cenas do filme por 127 vezes, para que ficasse perfeitamente como Stanley queria - a ambientação e tantos outros fatores transformaram o filme em um clássico do cinema. Várias teorias envolvem O Iluminado, inclusive, existe um documentário chamado ROOM 237, que aborda, discute e levanta teorias sobre as mensagens do filme. Se elas são reais ou não, cabe a você decidir.


O próximo filme de Stanley é sobre a guerra do Vietna, lançado em 1987. Nascido para Matar (Full Metal Jacket). Kubrick ficou frustrado com o fato de que antes da estreia, dois filmes com mesmo tema foram lançados e já haviam conseguido algum sucesso. O seu último filme, De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut) foi lançado 12 anos depois e teve uma fria recepção da crítica. Stanley não viveu para ver essa recepção. Faleceu antes do lançamento do filme, em 9 de março de 1999, devido a uma parada cardíaca.

O legado deixado por Stanley Kubrick para a sétima arte é gigantesco. A maioria dos diretores, quando dizem suas influências, citam as obras de Kubrick e o seu estilo revolucionário de fazer cinema. Para qualquer amante de cinema, é quase que uma obrigação conferir a obra de Kubrick. O perfeccionismo, a genialidade e a qualidade de Stanley escreveram uma parte significativa da história do cinema.

Ele nunca ganhou um Oscar de Melhor Diretor. Em um dos documentários que vi, disseram a seguinte frase sobre isso: “O que é o Oscar perto de Stanley Kubrick? É o Oscar que nunca ganhou um Stanley Kubrick”. Essa frase diz tudo sobre o que o diretor representa.

Clique aqui, para ver um vídeo sobre a utilização do ponto de fuga nos filmes de Kubrick, é incrível.



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